sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

que eu vim pra não morrer, de tanto te esperar

Por estar num momento extremamente feliz, com direito à viagens, shows, namorado por tempo indeterminado e cálculo garantido para 2008, privo meus fiéis leitores de qualquer texto durante este período. Por estar com a visão nublada por alegria, bom humor e esperança, me considero inapta a opinar sobre a realidade do país, queda do Corinthians ou a derrota do Chávez na Venezuela. De forma cada vez mais egoísta, essa que vos escreve decide banir infelicidade, tristeza, pêsames e descrença nos próximos meses.

E se você for mais um leitor coagido por minha mãe a ler estas palavras em ordem (pouco) lógica, peço que me perdoe por jogar seu tempo pela janela ao obrigá-lo a ler esta total falta de nexo. Sem mais adendos, seja muito bem-vindo.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

futebol, muito samba e muito show de rock'n roll

MANIFESTO II

"A literatura de um país pobre
não pode ser pobre de idéias.
Pobre da arte de um país
pobre de idéias.
Pobre da ciência de um país
pobre de idéias.
Num país pobre,
não se pode desprezar
nenhum repertório.
Muito menos
os repertórios mais sofisticados.
Os mais complexos.
Os mais difíceis de aceitar à primeira vista.
Lembrem-se de Santos Dumont.
Sempre haverá quem diga
que num país pobre
não se pode ter energia nuclear
antes de resolver o problema
da merenda escolar.
Errado.
Num país pobre,
movido a carro de boi,
é preciso pôr o carro na frente dos bois."

Paulo Leminski

Eu conheço essa crítica leminskiana há muito tempo, acho que uns 5 anos, e por mais que tenham me "explicado" na época, só hoje é que ela me faz sentido. Antigamente, achava a visão bastante radical (energia nuclear parecia coisa de filmagem antiga com cogumelo de fumaça e japonês correndo desesperadamente) e pessimista em relação ao país. Não é. Na verdade, é mais para um conselho muito bem dado. Uma constatação e, finalmente, uma idéia. Justo nesse país que carece tanto de idéias, mas abarrotado com tantas críticas.

Sempre aquela mesma história da Educação. Foi por isso que eu não votei no Cristovam Buarque: educação é necessária, concordo. O sistema educacional do Brasil é pouco eficiente, certo. PROVAR, COTAS, REUNI. Tudo tapa-buracos de governos populistas. Culpar a educação e apontá-la, também, como solução é fácil, difícil são as idéais praticáveis. Não trato aqui de ideologias, utopias, fanatismos. Bom se o problema fosse somente educacional. O que falta no Brasil é caráter (esta parte pode ficar meio problemática, é claro que não afirmo que falta de caráter se refere à população brasileira), é o não-comodismo, a participação, o descontentamento efervescente e as caras pintadas. Esperança nós temos. Só que a canalizamos numa seleção patrocinada por empresas (que de brasileiras não tem nada) e formada por jogadores que honram nossa camisa de quatro em quatro anos (e seus bolsos no resto dos dias). Dispomos de criatividade mundialmente reconhecida: o tal jeitinho brasileiro tá aí. Preparamos bons profissionais, altamente capacitados...a atuarem em transnacionais que levam o conhecimento e o dinheiro brasileiro para longe. Santos Dumont é só um exemplo da gigante capacidade e, logo, da falta de reconhecimento do Brasil. Nosso país tem, sim, algum prestigio internacional, admito. É verdade que brasileiro é bem recebido nos outros países, mas isso porque somos um povo que não representa perigo, tão fraco de identidade nacional, tão coitado aos olhos do mundo, tão irremediavelmente 'legal'. Temos fé, sim. Grande parte dela esta nas mãos de uma Igreja preconceituosa, conservadora, demagoga e milionária. A outra parte está distribuida em outras facções, outros templos, outros dízimos, outros circos.

Arrisco dizer que somos a população mais bonita do mundo, mas perdemos nossos caráter de povo depois das Diretas Já. Os escândalos de hoje podem não ser tão descaradamente repressores, podem não mandar para outros países entes queridos, nem fuzilam milhares, mas também mancham nossa história. O perído de 1964-1989 foi resultado de um golpe político armado. O que ocorre atualmente são uma série de golpes de colarinho branco nos próprios brasileiros. Antes não tivemos opção, hoje votamos por isso. Certo, não dá para conscientizar uma população que não tem comida na mesa nem domina a leitura. Só que também não dá pra admitir que o problema do Brasil pára por aí.


obs.: População é a totalidade das pessoas que se acham, num dado momento, em determinado Estado. Tal conceito inclui toda e qualquer pessoa, independentemente da nacionalidade, idade, situação política etc. Já, povo, por outro lado, é palavra que pode revelar um conceito jurídico ou um conceito político. Povo é o conjunto de pessoas que possui o mesmo passado histórico,por exemplo. São conceitos análogos, porém inconfundíveis. Com efeito, a palavra povo apresenta pluralidade de sentidos análogos, sendo, portanto, um vocábulo plurívoco-analógico.

@ Samurai
Meu caro amigo
João e Maria (ah sim, parabéns pra nós)

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

eu zanguei numa cisma, eu sei

Eu devo estar ficando muito velha. Muito mesmo, daquelas que comparam o período de ouro (o meu, claro) e os dias de hoje. E sempre com aquela nostalgia, acompanhada do último suspiro e da frase ‘na minha época...’ O problema é que eu nem sei se minha época era tão boa assim. Aquilo de que você vai dizer: os preços eram mais baixos, políticos menos corruptos e os mais novos respeitavam os mais velhos, pode ainda não ter acontecido. Os demais sintomas, entretanto, estão se concretizando.

“Na minha época” as meninas não se aceitavam como eram (como ainda acontece com as meninas de doze anos e com a de dezoito que vos escreve): o problema passava pelo cabelo, pelas espinhas - que todo mundo começava a ter, mas que caiam como praga em dias específicos-, por atributos físicos que ainda hoje causam embaraço e por problemas até então imperceptíveis, mas que os meninos da sala faziam questão de apontar em alto e bom tom. Pode ser que minha infância tenha sido muito sem graça, com menos gloss e mais elástico, menos prancha e mais “BJfeliz”. Só que, com certeza, havia menos preocupação e menos intrigas e menos paqueras. “Na minha época” (que agora será substituído por NME), todas as meninas eram “eternamente a fins” de dois ou três garotos mais velhos (mas não muito!). Parava por aí, parava nas cartinhas nunca entregues e nos repetidos corações com as iniciais. Já os meninos comentavam quão gostosas eram as garotas do ano seguinte, que acabavam de comprar o primeiro sutiã, mas já serviam de parâmetro.

NME, a gente ia na sacada de um certo shopping e, as vezes, numa baladinha bem fraquinha ao lado. NME, isto era o máximo. Desfilar no shopping domingo e comentar a respeito das outras aspirantes a modelo era O programa perfeito. Hoje em dia a coisa tá bem diferente. Quer dizer, pelo que eu vejo o elástico já foi abolido e a prancha é praticamente parte integrante do uniforme. Os desfiles superaram as portas do shopping e, atualmente, estão em qualquer lugar. Qualquer saidinha é motivo pra rímel e roupa escolhida a dedo. E, engana-se quem pensa que roupas da Lilica Repilica e da c&a servem. GAP, Ecko, DKNY e por aí vai. Jogo de futebol: meninas de catorze anos empurrando goela abaixo a cerveja do copo de plástico só pra acompanhar meninos carregando correntes de prata e camisas de torcida organizada, que lá fora esperam pela carona de seus pais.

A infância é coisa da minha época? Ou será coisa da minha cabeça e do ensino integral do Bom Jesus? Os tempos são outros, as novas fôrmas utilizadas pelos meios de comunicação são outros, o mundo é outro, até aí tudo bem. Nesse tempo de momentos, de bytes, de globalização acima dos resquícios culturais, já não há mais espaço para a gordinha de cabelo crespo, ou pro tímido com camiseta pra dentro da calça. NME também não era “fácil” pra ninguém, mas os comentários não eram impressos em fotologs, rodavam perfis de Orkut e acabavam sem punição. NME as mães não pagavam alisamentos, não ensinavam as filhas a esconderem olheiras nem incitavam comentários maldosos sobre a roupa de outras crianças de doze anos. Talvez os pais de épocas ainda mais remotas, daquelas meninas que eram apaixonadas pelos contemporâneos dos meus pais, é que sejam fruto desse início da onda de globalização. E hoje são mães dessas mesmas meninas que me assustam. Os filhos desses filhos, das ‘crianças’ de hoje em dia, serão que tipo de adultos, então?


@ paquetá
bongo bong
joão e maria (sempre)

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

“Fora com sua cabeça!” disse, sem mesmo olhar em volta.

Eu tento me esforçar durante dias pra escrever sobra alguma coisa interessante. Penso, leio, ouço. Nada. Não sai nada, sempre fica difícil encaixar um começo pra conclusão ou um fim pra “enrolação” do meio. Depois de todo esforço não recompensado por qualquer pensamento aproveitável, acabo ouvindo alguma coisa que me indigna e...pronto! Flui.

Eu admito, não sou a pessoa mais desapegada do mundo. Minha roupa não é feite de cortina e eu penteio o cabelo. Tá, não pára por aí, chega até ao exagero, beirando ao ridículo algumas vezes. Só que, de forma alguma, minhas futilidades e caprichos vêm em primeiro lugar. Pessoas sempre vêm antes. Sentimentos vêm antes. Algumas outras coisas também (músicas que me lembram, que me fascinam, que me confortam, que me animam, por exemplo). E nessa lista, o que vem por último, é a maldade. Maldade pra mim é agir com a única intenção de magoar. Isso eu nunca fiz. Maldade é falar com desprezo sobre quem não pode ouvir. É insultar sem dar direito a resposta. É estar ocupado demais pensando no incidente da balada sexta passada pra parar pra pensar no que fala. Maldade é sentir nojo de uma falha imprevisível. Mais maldade ainda é sair por aí comentando como essa falha é repulsiva. Eu tenho nojo. Nojo da maldade, nojo do descaso, nojo do vazio. Nojo do teu nojo.

Acho que essa foi minha grande lição na faculdade. Essa foi a coisa mais importante que eu aprendi neste ano e, provavelmente, a coisa mais importante que eu vou levar desses 4/5 anos de UFPR. Eu aprendi nesses primeiros meses de aula a aceitar. Aceitar que as pessoas são diferentes. Que se vestem, se comportam e pensam de maneiras completamente diversas e que não há nada que se possa fazer, a não ser aceitar e aproveitar (exatamente através destas diferenças) o que essa pessoa tem de melhor. Julgar é uma coisa cada vez mais alheia ao meu vocabulário. Deve ser por isso, por esse desapego a depreciação, que eu me incomodo tanto com comentários maldosos. Eu não sei como é possível alguém estar tão cego a ponto de não enxergar o óbvio, ou tão surto a ponto de não ouvir o que diz. E repete.

O que eu quero dizer é: chega, garota! Chega de viver no seu mundinho 3x4 cercada de felicidades instantâneas patrocinadas pelo papai. Comece a olhar pela janela, não pela televisão. Comece a sentir que nem todos nasceram com a sorte de ser tão perfeitos como você é. Ou pior, perceba que nem todos nasceram com a sorte de ter os recursos que você dispõe pra esconder tuas imperfeições. Se olhe no espelho! Só que, pra distorcer menos a tua realidade maquiada, tira esse rímel, desce do seu salto e deixa teu cabelo sem escova, tinta e outras ‘cositas mas’. Entenda que você não é a rainha de copas e que não dá pra cortar as cabeças de quem te dá nojinho.

@ Authority Zero- Lying Awake
Elis Regina- Fascinação (música-trauma impossível de ser cantada por qualquer outro ser humano, senão Elis Regina)


eu sinto muitissimo pelo pessimo post, mas quando começa a se formar na minha cabeça eu perco o controle.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

não foi legal, não pegou bem (ou 'a minha revolta em palavras')

Eu não sou muito adepta a textos de cunho político, críticas a sociedade, ao governo. Não por achá-los desnecessários, mas ,simplesmente, por não saber redigi-los. Quer dizer, eu não era adepta a esse tipo de composição até me deparar com uma reportagem na IstoÉ de 5 de setembro: “Abismo sem fim”, por Alan Rodrigues. Neste artigo, que trata da enorme disparidade entre os 10% mais ricos do Brasil (equivalente à Bélgica para Edmar Bacha*) e os 40% que vivem na base da pirâmide social do país (a enorme e pobre Índia brasileira), o jornalista demonstra, através de relatos e estatísticas, o triste panorama social do país.

Este seria mais um bom (e cada vez mais raro) artigo das revistas de grande circulação do país, se não fossem os depoimentos colhidos pelo repórter.

Para demonstrar a abissal heterogeneidade da Belíndia brasileira, Rodrigues recorre a dados de quatro famílias . Em uma delas, a do pedreiro Antônio Assunção, pode-se perceber claramente a dificuldade do chefe de família em equilibrar o orçamento (cerca de R$1 200,00 – aproximadamente 3 salários mínimos) e dar conta das despesas do mês (comida, remédios, financiamento da casa). Sem luxos, sem “presentinhos”, sem tranqüilidade. Já para a empresária Renata Pereira Jorge, sua vida ‘confortável, mas sem luxo’ equivale a 16 meses de trabalho do sr. Antônio e sua esposa. Renata Jorge e seu marido, Godim, gastam, por mês, mais de R$20.000,00 com restaurantes, contas de celular, empregados e viagens. Além dos 1.800,00 mensais no salão. Os gastos com estética feitos pelo casal Jorge equivalem a 150% da renda mensal do casal Assunção e seus dois filhos.
E não pára por aí. A empresária Inês Appel, que retira -por mês- R$20.000,00 dos lucros de sua fábrica para gastar com o que classifica como “prazeres da vida”, utiliza ¼ desde dinheiro com seus cachorros. São 5 mil reais MENSAIS gastos com animais. O que significa que o salário que alimenta, medica e financia o lar de quatro brasileiros durante um mês seria insuficiente para patrocinar a vida dos cachorros da senhora Appel. Os “prazeres da vida” desta senhora de 56 anos e seus cachorros pagaria por todas as despesas da família Assunção. Quase cinco vezes. E ainda sobrariam 15 mil reais.

É o que eu disse, não sei escrever sobre assuntos ‘de verdade’. Quer dizer, seria “sério” se (eco?) não fosse a eterna mania de modéstia da camada mais alta da sociedade brasileira. Seria sério, se não fosse a “humildade” do casal de empresários e sua vida confortável, mas sem grandes luxos. Seria sério se não fosse uma brincadeira de péssimo gosto, dessa gente responsável pelo país, mas que gasta ¼ de sua renda mensal com cachorros. Seria sério, mas não é. Quer dizer, é tão sério que por aqui, no nosso Brasil, é tratado como piada. Nossa realidade é uma piada sem graça.


*Edmar Bacha: Economista brasileiro, participou da equipe econômica do governo Franco que instituiu o Plano Real. Ganhou notoriedade acadêmica ao escrever a fábula da "Belíndia", na qual argumentava que o regime militar estava criando um país dividido entre os que moravam em condições similares à Bélgica (pequena e rica) e aqueles que tinham padrão de vida indiano(camada imensa e pobre).


@ Tenha dó/ Conversa de botas batidas - Los Hermanos

sábado, 1 de setembro de 2007

viver os dias como cenas de cinema brasileiro

Bom-humor constante/matinal (10:35 a.m sábado, pré-estudos pra cálculo) resulta em textos péssimos assim:

Eu sou uma eterna romântica. Vejo poesia em tudo. Céu, nuvem, mar, chuva, verão, inverno, pessoas. Pessoas, sim! Eu vejo belezas fáceis, belezas escondidas e belezas "inexistentes". Quer dizer, pra mim elas são (tão) óbvias, mas parece que pros outros não. Eu ‘perco’ tempo olhando pro infinito e me envolvo entre lembranças e possibilidades. Respiro fundo, penso, penso e...chego à conclusão alguma. Não sei como as pessoas podem ser tristes, com coisas tão acessíveis e perfeitas e completas. Qualquer coisa me surpreende. E se você me perguntar o que é que eu estou pensando, aí sim fica evidente a falta de nexo. Eu devo ser boba demais, isso sim. Porque pra me perder nos meus pensamentos, só preciso de poesia. E eu encontro poesia em qualquer lugar.



Eu vi em alguns lugares as pessoas colocando as músicas que estavam ouvindo durante o momento em que postavam e...aderi! Ah, sei lá.

@ Pennywise – I won’t have it/ Peaceful Day (entende?)


um dia fica melhor...ou não né. Quer dizer, eu achei que podia ser pior, vai?

signos carregados de significados

É pra isso que serve esse tal blog. Eu realmente não tenho esperança de que alguém chegue a ler qualquer coisa postada aqui e talvez seja esse o principal motivo pra que eu publique algumas coisas: ninguém vai ficar sabendo. Tava mais que na hora de criar vergonha na cara e admitir que, alem de comer salgadinho e acordar os vizinhos, eu faço alguma coisa.
Ahhh, eu não sei nem o que eu quero dizer nessa descrição, quem dirá no resto do blog.